18 de setembro de 2024
Seis cuidados no pilates para pessoas com autismo
No Dia da Conscientização do Autismo, veja orientações para que indivíduos com transtorno do espectro autista aproveitem todos os benefícios da prática
Por GE / Globo
3 de abril de 2022 / Curitiba (PR)
No dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a seção Eu Atleta do Globo Esporte publicou importante artigo de Carolina Hart Rodés, fisioterapeuta formada na USP, com especialização em pilates pelo método Pilates Postura Funcional®.
A condição afeta principalmente a tríade socialização, comunicação e padrões de comportamentos e interesses, com sinais mais claros a partir dos 2 anos, e possui um grande espectro de “autismos”. O Transtorno do Espectro Autista é um diagnóstico em crescimento hoje em dia e, apesar de ter fatores genéticos, sua manifestação está fortemente associada a aspectos epigenéticos, o que reforça ainda mais a importância da conscientização do autismo em si, do diagnóstico precoce e das necessidades e possibilidades de cuidado.
Os benefícios do uso do pilates para pessoas com autismo já são evidentes e podem compor como parte da reabilitação ou como prática de cuidado com a saúde de forma mais longitudinal, sempre de forma coordenada e em conjunto com uma equipe multiprofissional. Porém, alguns cuidados são essenciais para que a prática possa ser aproveitada. Veja seis deles.
1 – PREPARO DO AMBIENTE
Atente-se aos estímulos sensoriais excessivos e potencialmente aversivos, como sons muito altos, local muito barulhento ou com barulho de conversas paralelas ou iluminação muito forte. Um ambiente desorganizado e com grande circulação de pessoas também pode ser mais desconfortável e dificultar a concentração.
2 – COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO VERBAL
Ao conversar, mantenha o contato visual, colocando-se diante do indivíduo. Lembre-se de que os comandos verbais devem ser claros e objetivos, com tom de voz sereno, e procure realizar gestos suaves nas orientações e correções dos exercícios.
3 – FAMILIARIZAÇÃO
O profissional deve ter consciência da necessidade e processo de familiarização do paciente com o próprio profissional, com o local, com os exercícios, com o toque de correção utilizado… Enfim, com tudo o que for novo e que possa gerar um estranhamento inicial.
Pode ser importante apresentar os objetos, ferramentas e aparelhos que serão utilizados, por exemplo. Ou, com os próprios exercícios, introduzir as variações e novos movimentos gradualmente.
4 – ROTINA
Alterações excessivas de rotina, como mudanças de horário ou dia ou trocas constantes de profissional, também podem ser desorganizadoras e/ou incomodar uma pessoa dentro do espectro autista.
É claro, nem tudo é previsível ou constante, mas reforçar os cuidados de avisos com antecedência, conhecer a organização da rotina do paciente e gradualmente apresentar toda a equipe são pontos de atenção que facilitam a adaptação ou o preparo dela.
5 – BUSCAR ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR A ATENÇÃO E QUEBRAR MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS
Como instrutor de pilates, é possível utilizar recursos da própria aula para ampliar o repertório motor do praticante e, assim, contribuir para modular ou modificar comportamentos motores atípicos.
Pode-se explorar o direcionamento da atenção, incorporar objetos ou os próprios exercícios para quebrar padrões estereotipados.
6 – E, MAIS IMPORTANTE: CONHEÇA SEU PACIENTE!
O espectro autista é muito diverso e, por isso, compreender que cada indivíduo é particular na sua personalidade, comportamento e necessidades é essencial.
Converse com ele e com a família, conheça seus gostos e desgostos, interesses e desinteresses. Avalie e compreenda a individualidade de cada paciente com autismo para que possa conduzir uma prática adequada ao seu momento de desenvolvimento social, faixa etária, possibilidades e necessidades.
Sabemos que o pilates pode contribuir para melhorar a qualidade de vida de pessoas com autismo, com o treino de movimentos com fluidez e precisão, que desenvolve a consciência e controle da respiração, promove sensação de ritmo, usa os exercícios para interação e sustentação da atenção e concentração, estimula a integração sensorial e promove melhora da postura e consciência corporal. Mas nada disso pode ser atingido se não houver o cuidado adequado com a individualidade desse praticante.