19 de novembro de 2024
Exercício profissional e ações com autistas foram temas do terceiro encontro comemorativo do CREF9/PR
Objetivo do conselho paranaense é ouvir especialistas em assuntos importantes para agregar mais qualidade ao trabalho dos Profissionais de Educação Física.
Por Paulo Pinto / Global Sports
21 de setembro de 2023 / Curitiba (PR)
Na terceira semana de comemoração do mês do Profissional de Educação Física, sábado passado (16/09) o CREF9/PR promoveu mais duas palestras presenciais em sua sede de Curitiba, ambas transmitidas online pelo YouTube. Na primeira, Carlos Carvalho (CREF 012277-G/PR), diretor de fiscalização e orientação do CREF9/PR, falou sobre fiscalização e demais atribuições do Profissional de Educação Física e responsabilidade técnica. A segunda, ministrada pelo professor Rodrigo Brunel Alves (CREF 023901-G/SC), teve por título Autismo na prática – a prescrição de atividades físicas para o público autista (TEA).
Carvalho começou sua palestra mostrando as diferenças entre os profissionais formados com bacharelado e com licenciatura. O primeiro está qualificado para atuação ampla, nas áreas de esporte, saúde, jogos e recreação, entre outras. Já o licenciado tem atuação limitada à educação básica.
A fiscalização do trabalho do Profissionais de Educação Física é necessária e faz parte das atribuições do CONFEF e dos conselhos regionais, conforme determina a Lei nº 14.386/22. Mas o exercício da profissão também é regulamentado por outras leis. Em seguida, Carvalho fez um breve relato dos dispositivos federais e estaduais que devem ser observados pelos fiscalizadores.
A responsabilidade técnica do profissional, explicou Carvalho, foi atualizada recentemente pela resolução CONFEF nº 477/2023, capítulo III. O responsável pela fiscalização desempenha diversas funções, entre elas coordenar e supervisionar as atividades dos Profissionais de Educação Física; zelar pela boa qualidade, eficiência e ética dos serviços prestados; apoiar atividades de atendimento e ensino, no caso de estágios curriculares acadêmicos; analisar modificações e inclusões de procedimentos; avaliar as condições físicas e tecnológicas dos locais de atendimento; e definir os planos de treino juntamente com o profissional responsável pelo estabelecimento.
No caso de academias e outras instituições voltadas para a prática de exercícios físico, o responsável pela fiscalização deve verificar a composição do quadro técnico e as atribuições de cada um dos seus componentes; a habilitação e a preparação profissional deles; a diversidade dos serviços e as condições em que são executados; e o risco aos usuários relacionados às condições que a prática das atividades físicas e esportivas exigem.
Carvalho enfatizou que a fiscalização pode ser realizada em academias, clubes, praças, parques, salões comunitários (igrejas), clínicas, ginásios (prefeitura), residências/condomínios e hotéis. “A fiscalização sempre deve ser feita em flagrante (ativa/reativa), para que a notificação de desconformidade à pessoa física ou jurídica, seja feita no âmbito administrativo. Esgotada essa fase o processo pode ser arquivado ou encaminhado à junta de conciliação, podendo gerar penalidades quando chegar à esfera do Ministério Público ou do Ministério Público do Trabalho.
No Paraná é praticada ainda a fiscalização online (resolução CREF9/PR nº 124/2021), instituída na época da pandemia. O CREF9 mantém um perfil no Instagram exclusivo para a fiscalização, atualizado semanalmente com casos de locais submetidos a fiscalização. As denúncias também podem ser feitas online pelo próprio site do conselho.
Para conferir esta palestra na íntegra clique AQUI.
Autismo na prática
Rodrigo Brunel Alves, treinador comportamental, especialista em autismo e em atividades físicas e reabilitação motora para crianças e jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA), explicou que os sintomas e características podem variar significativamente de um indivíduo para outro, e ressaltou que o diagnóstico só pode ser feito por um especialista em saúde mental, como neurologista, psiquiatra ou psicólogo.
O mesmo ocorre com o tratamento, que deve ser personalizado, pois não existe uma abordagem que funcione para todos os indivíduos. Alguns dos tratamentos mais utilizados são: intervenção comportamental; terapia de fala e linguagem; terapia ocupacional; intervenção educacional; medicamentos; apoio psicossocial; tecnologias assistivas e abordagens terapêuticas complementares.
“Quando se fala em autismo a maioria dos profissionais e pais acaba focando somente nos estímulos cognitivos, em terapias convencionais e uso de medicamentos”, alertou Rodrigo. “Mas e a atividade física? E o desenvolvimento motor? É aí que entra a atividade física.”
Quando alguns pais entram em contato com Rodrigo em busca de atendimento para o filho, ele tenta descobrir o máximo de coisas que agradam à criança para criar um ambiente acolhedor, no qual ela consiga permanecer o tempo suficiente para realização de atividades.
O segundo passo é formular estratégias para que a criança se interesse pelas atividades, inclusive exercícios que ajudem no tônus muscular, na coordenação motora e no equilíbrio. Rodrigo sempre recorre a brinquedos ou objetos de que a criança goste para que a atividade seja prazerosa.
O especialista citou alguns exemplos de seu trabalho, mostrando como conseguiu contornar as limitações dos alunos e introduzir a prática de exercícios físicos no dia a dia deles. Em situações mais complicadas, com adolescentes que apresentem comportamento agressivo, o processo pode ser longo e exige muito cuidado, observação e determinação na aplicação das técnicas.
Um dos presentes na palestra de Rodrigo era Ângelo Batista Freire (CREF 040454-G/PR), coordenador de uma associação de vôlei de praia, pai de Henri, diagnosticado com TEA, estava presente na palestra de Rodrigo. “Meu filho sempre foi cuidado por excelentes profissionais, e eu busco fazer a minha parte na associação que represento. Aqui eu pude aprender mais sobre esse tema e acho que é fundamental que outros profissionais se informem para se desenvolverem nessa área. Por isso eu agradeço a iniciativa do CREF9 e do professor Rodrigo para divulgar assunto tão importante.”
Para conferir esta palestra na íntegra clique AQUI.