19 de novembro de 2024
Profissionais de Educação Física consolidam presença na área da saúde em Curitiba
Experiente na área, o profissional de Educação Física Juliano Gevaerd fala de seus desafios como secretário da Saúde interino de Curitiba.
Por Paulo Pinto e Bárbara Lemos / Global Sports
20 de setembro de 2023 / Curitiba (PR)
Graduado em Educação Física, Juliano Schmidt Gevaerd (CREF 9831-G/PR), secretário interino da Saúde de Curitiba, acumula longa experiência como profissional de carreira na área, na qual ingressou em 2009, até chegar ao cargo de superintendente executivo.
Sob sua responsabilidade trabalham mais de 10 mil funcionários, em cerca de 300 equipamento de saúde espalhados pela capital paranaense. Com um orçamento de R$ 2,8 bilhões, ele não teme a responsabilidade de gerir esses recursos, que representam 22% das receitas municipais, acima da cota constitucional de 15%.
Isso não significa que seja fácil administrar um setor do qual dependem 55 mil pessoas que utilizam diariamente os serviços de saúde numa cidade de quase 2 milhões de habitantes. “A saúde não tem preço, mas tem custo. É preciso saber empregar muito bem os recursos de que dispomos”, diz Gevaerd. Veja a seguir os principais pontos da entrevista do secretário interino à ProAtiva.
ProAtiva – Quais são os seus maiores desafios no momento?
Gevaerd – Fazer a gestão de um grande orçamento é algo muito complexo pois é necessário definir prioridades antes de decidir o investimento. As demandas são diárias e a prestação de serviço deve ser compatível e com a melhor qualidade possível dentro do orçamento. Nós temos de tratar as pessoas como se fossem nossos familiares. Elas não podem ser maltratadas ou negligenciadas no serviço de saúde, não podem ser desrespeitadas, não podem ter a sua dor minimizada. E digo isso não é da boca para fora, mas como uma tarefa diária.
ProAtiva – Como a Educação Física contribui na pasta de saúde?
Gevaerd – Na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba temos a participação dos Profissionais de Educação Física desde 2009, um grupo de 28 pessoas atualmente. Nós trabalhamos nas ações de promoção, prevenção, assistência e gestão, tanto sob o aspecto da saúde da população quanto sob o aspecto econômico. Não se admite mais uma equipe multiprofissional sem o Profissional de Educação Física. Não se aceita mais entender o cuidado com um doente crônico sem a participação de um profissional que o oriente sobre atividade física, nem se enxerga mais uma população saudável sem orientação sobre a prática de atividades físicas.
ProAtiva – Essa participação ainda é questionada?
Gevaerd – Hoje não há mais questionamentos sobre isso, e cada vez mais conseguimos construir novos caminhos e novas estratégias na área da saúde. Sem querer tirar o espaço de ninguém, eu torço para que cada vez mais colegas consigam construir a sua carreira, aplicar seus conhecimentos baseados em evidências cientificas, agregando conhecimento à equipe de saúde e atuando em qualquer uma das funções com competência, profissionalismo e ética.
“Na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba temos a participação dos Profissionais de Educação Física desde 2009, um grupo de 28 pessoas atualmente”
ProAtiva – O senhor acha que os novos graduados têm qualificação para isso?
Gevaerd – A nossa formação tem uma amplitude muito grande, então a nossa atuação vai de ações de lazer e recreação a programas escolares, treinamento esportivo e alta performance. As academias de musculação são fundamentais, as academias de dança são fundamentais. A Educação Física escolar precisa ser reinventada e nós precisamos ter profissionais atuando nesse segmento, de forma a orientar os alunos e levar nosso conhecimento para as crianças como um processo de formação. Assim como no treinamento, uma área à qual muitas pessoas se dedicam, assim como na pesquisa, hoje nós temos muitas possibilidades na área da saúde, com uma combinação que vai da prevenção à reabilitação dos cidadãos.
ProAtiva – Depois de graduado pela Universidade Federal do Paraná, como foi seu ingresso na área da saúde?
Gevaerd – Logo após me formar em 2006, fiz estágios e atuei na área de pesquisa, mais voltada para treinamento, além de trabalhar em academia. Em 2008 fiz concurso para a Prefeitura de Curitiba, inicialmente para a Secretaria de Esportes e Lazer da Juventude, mas os Profissionais de Educação Física selecionados acabaram incorporados à Secretaria da Saúde. A partir de 2009 fiquei dois anos trabalhando em unidades de saúde, num projeto que na época era identificado como núcleo de apoio à atenção primária à saúde. Trabalhávamos num grupo multidisciplinar de cinco profissionais: professor de Educação Física, farmacêutico, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta. Fazíamos atividades mais voltadas àqueles grupos já atendidos nas unidades de saúde, como idosos e gestantes. Era algo novo, inclusive em âmbito nacional.
ProAtiva – Sendo um trabalho inédito, como foi esse começo?
Gevaerd – Não existia uma diretriz de como deveria ser feita a implantação daquele trabalho. Fomos trabalhando e conversando com profissionais em diferentes territórios, pois Curitiba tem dez distritos sanitários e cada um tem a sua característica. Na verdade, aquele grupo construiu diretrizes para a capital paranaense.
ProAtiva – Como sua carreira evoluiu depois dessa experiência?
Gevaerd – Após dois anos trabalhando em unidade de saúde, no fim de 2010 recebi um convite para trabalhar na Secretaria Municipal de Saúde, sendo o primeiro Profissional de Educação Física dentro dessa repartição. Comecei trabalhando numa área de atenção à saúde de pessoas com deficiência, com uma pequena equipe em que se decidiam as políticas desse setor para todo o Estado. Passando um ano e meio eu fui convidado a ser diretor da área que cuidava de todas as condições crônicas na secretaria estadual, que envolvia atenção ao idoso, criança, materno-infantil e saúde mental. Dois anos depois fui convidado a ser superintendente de atenção à saúde da Secretaria Estadual de Saúde, cargo que exerci até 2018, quando retornei à secretaria municipal como diretor da atenção primaria. Em 2022 fui chamado para a ser superintendente executivo, cargo que eu ocupo até hoje e, que pela disposição do organograma da secretaria, me levou tornar-me secretário interino.