Esporte paralímpico: origens e panorama atual no Brasil

Daniel Dias é um veterano em paralimpíadas e volta e meia aparece na mídia como um fenômeno da natação © Divulgação

Em sua participação nos Jogos Paralímpicos, evidencia-se o sucesso do Brasil, que desde 2008 está entre as dez primeiras nações em número de medalhas

Por Prof. Dr. Cláudio Silvério da Silva
20 de outubro de 2020 / Curitiba (PR)

O esporte paralímpico teve sua origem na segunda metade do século XX, chegando ao Brasil na década de 1950. Na atualidade o Brasil está entre as dez primeiras nações no ranking dos Jogos Paralímpicos de verão.

O esporte paralímpico surgiu após Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), com a reabilitação de combatentes, a partir da iniciativa do médico alemão Ludwig Guttmann, que identificou o esporte como elemento terapêutico para veteranos com deficiência física na Inglaterra, no hospital de Stoke Mandeville.

Cabe esclarecer que o termo paraolímpico significava que os jogos ocorriam paralelamente aos Jogos Olímpicos. Entretanto, no ano de 2011, o termo foi alterado para paralímpico, justificado pela padronização nas línguas inglesa e espanhola, retirando-se a vogal o.

Antes de se tornarem Jogos Paralímpicos, o evento era denominado Jogos de Stoke Mandeville, tendo a sua primeira edição em 29 de julho de 1948, data de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, com competições para atletas em cadeira de rodas.

Já os primeiros Jogos Paralímpicos foram realizados em 1960 em Roma, Itália, no mesmo local dos Jogos Olímpicos, procedimento que se tornou definitivo a partir de 1988 em Seul, na Coreia do Sul, ou seja, terminada as Olimpíadas, no mês seguinte realizam-se as Paralímpiadas, utilizando os mesmos locais e equipamentos de competição.

No Brasil o esporte paralímpico surgiu da iniciativa de duas pessoas com deficiência: Robson Sampaio de Almeida, que fundou o clube do otimismo no Rio de Janeiro em 1958, e Sérgio Seraphin Del Grande, que no mesmo ano em São Paulo criou o Clube dos Paraplégicos.

Na atualidade o Comitê Paralímpico Brasileiro, órgão dirigente máximo do esporte paralímpico no País, administra diretamente as seguintes modalidades: atletismo, halterofilismo, natação e tiro esportivo. E de maneira indireta: badminton, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goallball, hipismo, judô, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, taekwondo, tiro com arco, triatlo e voleibol sentado, num total de 23 categorias de verão e seis de inverno: esqui cross country, curling em cadeira de rodas, esqui alpino, biatlo, hóquei no gelo e snowboard.

O Comitê Paralímpico Brasileiro é presidido desde 2017 por Mizael Conrado, ex-atleta de futebol de 5 (para cegos). Conrado é o primeiro medalhista paralímpico a ocupar o cargo, tendo em seu currículo medalhas de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004, e de Pequim, em 2008 e, além do título de melhor jogador de futebol de 5 do mundo em 1998.

O esporte paralímpico brasileiro evoluiu muito nas últimas duas décadas, devido, entre tantos fatores, à destinação de recursos financeiros, em especial da lei 10.264/2001, conhecida como Agnelo-Piva, a qual repassa parte do faturamento das loterias da Caixa Econômica Federal, com 85% para o esporte olímpico e 15% para o paralímpico.

No entanto, esse cenário foi alterado com a Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência (13.146/2015), que destinou 2,7% da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais ao esporte. Desse montante, o Comitê Olímpico do Brasil fica com 62,96%, e o Comitê Paralímpico Brasileiro, com 37,04%.

Em sua participação nos Jogos Paralímpicos de verão, uma das competições mais importantes para atletas com deficiência em nível internacional, evidencia-se o sucesso do esporte paralímpico brasileiro, que desde 2008 está entre as dez primeiras nações em número de medalhas. Nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016, conquistou 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze.