Em palestra no CREF9/PR astro do vôlei exalta a importância da Educação Física no esporte e na vida

Giba conquistou o ouro olímpico em Atenas (2004) e duas de prata em Pequim (2008) e Londres (2012) © Global Sports

Renomado atacante da seleção brasileira de vôlei e trimedalhista olímpico, Giba mostra como os professores de Educação Física o influenciaram na vida e na carreira.

Por Paulo Pinto
25 de janeiro de 2024 / Curitiba (PR)

“A Educação Física e os professores da matéria foram muito importantes para mim, principalmente no começo da minha vida, não apenas para a minha carreira. A Educação Física é primordial para uma criança, porque desenvolve a coordenação motora necessária para qualquer atividade, não só para o esporte.” As palavras são do astro do vôlei Giba, trimedalhista olímpico com a seleção brasileira, e foram dirigidas a uma plateia atenta no auditório do CREF9/PR, em Curitiba, no fim do ano passado.

Gilberto Amauri de Godoy Filho nasceu em Londrina, em 1976, e desde menino praticava qualquer tipo de esporte, só de brincadeira. Até que conheceu o vôlei. E as aulas de Educação Física tiveram papel importante na evolução do futuro atleta. “A escola ensina isso. Começamos com muita disposição física, muita resistência ao cansaço, mas nenhuma experiência. É a prática orientada que leva o jovem a alcançar o equilíbrio.”

Considerado um dos maiores nomes da história do vôlei mundial, Giba edificou uma trajetória vitoriosa © Getty Images

“Quando pratica esporte,” explicou Giba, “o jovem produz muita endorfina, adrenalina, fica ansioso para ganhar ou simplesmente para concluir aquela brincadeira. Isso é ser criança. Hoje, infelizmente, vemos uma geração de crianças analfabetas motoras. Hábitos modernos as levam a ficar paradas o tempo todo. Mesmo antes da pandemia já tínhamos um quadro preocupante de adolescentes sentados diante de um computador, tablet ou celular, e isso só se agravou. Há crianças que não conseguem encostar a mão no nariz, e a Educação Física é a solução para corrigir esses problemas.”

Quando chegou à seleção brasileira pela primeira vez, em 1993, quando escutou o Hino Nacional no começo das competições, a emoção remeteu Giba aos dias de aula de Educação Física, na escola, em Londrina. “Eu senti no coração a importância daquilo que o professor nos falava, ainda crianças com menos de 10 anos. Naquela época eu não entendia nada, mas depois eu fui entender claramente a mensagem que ele buscava nos transmitir: ‘se vocês ouvirem o Hino Nacional e não se emocionarem ou não arrepiarem, vocês estão desrespeitando a sua bandeira e o seu País’. Foi a partir dessa fala do meu professor que começou tudo para mim no tocante ao esporte e, principalmente, o meu respeito pelo profissional de Educação Física.”

O trimedalhista olímpico avalia que a Educação Física é primordial na formação das crianças © Global Sports

Aprendizado constante

No caminho até tornar-se atleta do alto rendimento, Giba foi acompanhado sempre por algum professor ou técnico. Mas prefere não destacar nenhum. “Todos eles foram os melhores porque eu aprendi um pouco com cada um deles”, assegura. Na vida, todo indivíduo terá de buscar o equilíbrio no uso da força, segundo Giba. Seja um engenheiro, seja um médico ou um jogador de vôlei ou futebol, é preciso entender isso. E quem quiser evoluir tem de queimar etapas.

“Eu era chato e ficava no pé dos jogadores mais velhos, sempre perguntando como eles faziam isto ou aquilo”, lembra Giba. “E isso me ajudou muito a superar barreiras mais rapidamente do que alguns colegas que não queriam perguntar, preferiam aprender sozinhos. A gente nasce e morre aprendendo, e por que não aprender com alguém que estudou e conhece o caminho que queremos trilhar?”

“Eleito o melhor jogador do mundo em 2006, Giba afirma que a Educação Física vale para tudo, para o fitness, para a reabilitação de um esportista, para a formação saudável de crianças e jovens ou na recuperação de convalescentes.”

É por esse aprendizado que Giba dá tanta ênfase ao trabalho do profissional de Educação Física. “Quem for inteligente, e tiver a sorte de conhecer um bom profissional e seguir o caminho que ele aponta, terá mais chance de sucesso e longevidade nas quadras ou em qualquer setor da atividade humana.”

A Educação Física vale para tudo, para o fitness, para a reabilitação de um esportista, para a formação saudável de crianças e jovens ou na recuperação de convalescentes, assegura Giba. “Quando se junta a Educação Física com a fisioterapia tem-se o melhor dos mundos. Quando eu jogava, recorríamos à fisioterapia para curar uma dor; hoje ambas atuam na prevenção. Conforme o mundo vai girando e a tecnologia evolui, poder prevenir lesões é o melhor na vida de um atleta.”  É aí que entra a inclusão na área da saúde.

Giba ganhou todos os títulos possíveis com a camisa verde e amarela © CBV /Divulgação

“A medicina esportiva realmente avançou e ajuda muito”, reconhece Giba, “mas sem o profissional de Educação Física, sem o técnico mostrando o caminho correto, não adianta nada ter medicina, fisioterapia ou ortopedia. Não existe conexão.”

Orientação correta

Hoje em dia muitas pessoas aparecem na Internet prometendo resultados fantásticos em diferentes atividades, mas nem sempre são qualificados. “Temos de identificar e seguir os bons profissionais, em qualquer área, seja um dentista, nutricionista ou professor de Educação Física”, recomenda Giba. “Isso é muito importante, por exemplo, devido ao aumento da quantidade de crianças com obesidade. A Educação Física resolve esse problema por meio do esporte, tanto uma boa caminhada quanto atividades mais exigentes, desde que prescritas por um profissional devidamente capacitado.”

E insiste na necessidade de incluir a atividade física na rotina das crianças. “E quem faz isso? É o professor de Educação Física. Então vamos parabenizar todos os profissionais de Educação Física, porque sabemos muito bem que não é fácil ser professor no Brasil.”

“Hoje, infelizmente, vemos uma geração de crianças analfabetas motoras. Hábitos modernos as levam a ficar paradas o tempo todo.”

Quando se fala em aula de Educação Física, muita gente logo pensa que é hora da brincadeira, mas não é bem assim. “Essa brincadeira é o quê? É uma bola queimada, é um vôlei, é um basquete, é um futebol. E quanto esse professor estudou para chegar a conhecer todas as regras e as técnicas desses esportes? É importante lembrar, porque ninguém consegue nada sem estudos.”

Quando alguém pede um conselho, uma dica para ser bem-sucedido no esporte, Giba sempre recomenda o estudo. “Não conheço nenhum atleta que não seja inteligente. Para chegar ao nível que eu cheguei da seleção brasileira, além de preparo físico e técnico, é preciso muita inteligência, pois a cobrança no rendimento é gigantesca, assim como a competitividade entre os atletas.” Ele explica que é preciso ter inteligência para pensar rapidamente: “Quantos milésimos de segundos a batida numa bola num jogo de voleibol decide uma Olimpíada ou um campeonato mundial? Se o atleta não estiver pensando o tempo inteiro no jogo, como vai resolver?”

Quando chegou à seleção brasileira pela primeira vez, em 1993 e escutou o Hino Nacional, a emoção remeteu Giba aos dias de aula de Educação Física, na escola, em Londrina © Global Sports

Giba encerrou sua palestra no auditório do CREF9/PR com uma recomendação importante: “Não deixem de estudar, não deixem de admirar o seu professor que estudou, que foi atrás de conhecimento para transmitir a vocês. Ele correu, fez uma faculdade e enfrentou muitas dificuldades para passar a vocês todos os princípios e fundamentos da Educação Física.”

Perfil do atleta

Gilberto Amauri Godoy Filho, o famoso Giba, nasceu em Londrina (PR), superou uma leucemia ainda na infância e mudou-se para Curitiba, concluindo o ensino fundamental no Colégio Estadual Conselheiro Zacarias. No ano de 1991 iniciou sua carreira de atleta, atuando pelo Círculo Militar do Paraná. Em 2006, foi eleito o melhor jogador do mundo.

Durante a carreira atuou como atacante de ponta e conquistou os principais títulos do mundo pela seleção brasileira, desde as categorias de base à principal, sendo oito vezes medalhista de ouro na Liga Mundial, tricampeão mundial e detentor do ouro olímpico em 2004 e da prata em 2008 e 2012. Com Giba na equipe, a seleção brasileira subiu ao pódio em todas as competições.

Além das medalhas olímpicas, Giba conquistou oito ouros da Liga Mundial e é tricampeão mundial © Fernando Pilatos / Gazeta Press

Além dos títulos mundiais e medalhas olímpicas, o atleta conquistou dois ouros e dois bronzes em Copas do Mundo; três ouros em Copas dos Campeões; oito ouros, duas pratas e dois bronzes na Liga Mundial; um ouro, uma prata e um bronze em Jogos Pan-Americanos; e oito ouros em Sul-Americanos. Em 2018, entrou para o Hall da Fama do vôlei. Segundo Aretha Martins, colunista do portal iG, “Giba nunca foi o atacante mais alto, mas era um dos mais velozes. Foram o tempo de bola diferenciado e a velocidade de braço que o fizeram o jogador decisivo. Sua velocidade de movimento e a plástica no ataque sempre chamaram a atenção.”

Em agosto de 2014 Giba anunciou a sua aposentadoria no esporte, aos 37 anos de idade e depois de 23 anos de carreira. Em 2013 já se havia filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ano em que trabalhou como comentarista de voleibol na Rede Globo. Em 2017 deixou o PSDB e filiou-se ao PSD.

Clique aqui e assista um trecho da entrevista.

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