19 de novembro de 2024
Ciclo de palestras do CREF9/PR termina com uma aula de motivação
No encerramento das comemorações do mês do Profissional de Educação Física, Marcos Rossi falou sobre medos e incertezas e mostrou caminhos para superá-los.
Por Paulo Pinto / Global Sports
5 de outubro de 2023 / São Paulo (SP)
“Imagina se alguém descobre que seu filho ou filha nasceu sem braços e pernas? Foi o que aconteceu com meus pais. Alguns dias depois, os médicos olharam para mim e disseram que a minha previsão de vida era, no máximo, de 30 anos. Como seria isso? Eu iria crescer? Estudar? Trabalhar? Namorar?” Tendo a si mesmo como exemplo, Marcos Rossi dirigiu-se à plateia para mostrar o poder da motivação.
Essa foi a última das palestras que o Conselho Regional de Educação Física do Estado do Paraná (CREF9/PR) promoveu nos cinco sábados de setembro para comemorar o mês do Profissional de Educação Física. Antes de Marcos Rossi o presidente do CREF9/PR havia feito um breve balanço de sua gestão e anunciado as ações planejadas para 2024.
“Todo mundo pensa que minha infância foi triste, infeliz”, prosseguiu Rossi. De quê uma criança que nasceu sem braço e perna pode brincar? Mas eu fazia tudo que queria, tudo que me deixava apaixonado pela vida. E como eu fazia essas coisas? Com os recursos disponíveis à minha volta, de muletas. Eu corria, entrava no mar, jogava bola. Era o meu jeito de fazer o que eu amava com os recursos que eu tinha. Quando eu fazia as coisas que eu amava, minha energia aumentava.”
Rossi não estudou em escolas especializadas para pessoas com deficiência. Era meta da família que ele estudasse numa escola comum. Mas não foi fácil encontrar uma que o aceitasse. “Quando a escola me aceitava, descobria que eu era uma criança igual a qualquer outra. E no dia a dia, com a convivência, os paradigmas e os preconceitos eram quebrados.” Ele, que hoje tem dois filhos, perguntou à plateia: “Vocês acham que foi fácil o início da minha sexualidade?”
Desde cedo Rossi entendeu que as coisas não acontecem “com” as pessoas, mas “para” as pessoas. “Por que com você? Não. Foi para você crescer, para se expandir, se doar, experimentar novas coisas e levar sua vida a outro nível.”
É preciso prestar atenção às oportunidades, assegura Rossi. Ele observa que na maioria das vezes as pessoas ficam prestando atenção ao que falta na vida delas e se esquecem dos recursos que têm à sua disposição: tempo, tecnologia, dinheiro, pessoas.
“Eu tinha tudo para ficar numa cama, deitado. Mas decidi ser feliz. São as decisões, independentemente das condições de cada um, que determinam o ser humano.”
“O grande problema na nossa sociedade hoje não é a falta de recursos. É falta de sabedoria de usar os recursos disponíveis à sua volta.” E para ele o primeiro recurso que as pessoas têm são suas próprias emoções. Rossi explicou o conceito de casa emocional, o sentimento que dá segurança às pessoas, ao qual elas sempre querem voltar.
“Há pessoas que estão sempre animadas, outras que estão sempre preocupadas, outras que estão sempre reclamando. É a casa emocional delas, para a qual sempre estão voltando. A boa notícia é que há ferramentas e técnicas para as pessoas darem um upgrade na sua casa emocional. E eu entendi isso desde cedo.”
Marcos atribui seu sucesso à energia. “Tudo que a gente precisa é da energia: para a saúde, para o trabalho, para os relacionamentos, para todas as áreas.” Mesmo depois que uma cirurgia para correção de uma escoliose progressiva, aos 15 anos de idade, limitou os movimentos de sua coluna essa energia continuou impulsionando suas atividades. “Eu tinha tudo para ficar numa cama, deitado. Mas decidi ser feliz. São as decisões, independentemente das condições de cada um, que determinam o ser humano.” Para Rossi, reclamar não resolve nada.
Mas é claro que ele não descobriu tudo sozinho. “Eu tive a grande honra de ter um pai muito sábio, um grande estudioso da mente humana. Ele morou mais de 30 anos nos Estados Unidos, e quando ele veio para o Brasil eu nasci. Mas ele trouxe na bagagem os livros e as fitas cassetes do mentor dele, Tony Robbins, e aplicava alguns exercícios em casa.”
Mas fazer uma mudança que dure não é fácil, lembrou Rossi. Isso só acontece quando o indivíduo faz um upgrade na sua identidade. “Enquanto a pessoa colocar sua felicidade na mão de outra ou na dependência de alguma coisa, ela não será feliz nunca. Tudo depende da maneira como a gente reage às coisas que acontecem na nossa vida.” Isso não significa que não se deva confiar em outras pessoas.
Hoje em dia, comentou Rossi, todo mundo desconfia de todo mundo, mas ninguém deve ter vergonha de pedir ajuda. “Eu não estaria aqui hoje se não fossem as pessoas que estão do meu lado. Muitas vezes, eu coloco a minha vida na mão de outras pessoas, mas eu não deixo de realizar o que desejo. O ponto é: temos de trabalhar em equipe, temos de saber pedir ajuda, temos de compartilhar. Ser é doar.”
Na mesma linha de pensamento, Rossi falou sobre a importância de ter um mentor, alguém que já trilhou o caminho que o indivíduo quer trilhar. “Um mentor na sua vida pode fazer você economizar uma década de bater a cabeça. Você precisa grudar em quem já está onde você quer chegar. E foi o que eu fiz.”
Em seguida, Rossi falou sobre seu livro O que é impossível para você?, um best seller, no qual analisa as razões pelas quais as pessoas não conseguem realizar seus sonhos. Entre elas, o medo.
“Não se diminua porque você tem medo, jamais. Você tem o poder de criar sua realidade. Vá ao encontro do seu medo, não lute com ele. Ao contrário, dance com seu medo. Faça pequenas ações diárias, um pouquinho aqui, um pouquinho ali, quando você vê, já realizou.”
Entretanto, não se pode cair no erro contrário, advertiu Rossi. Ninguém pode pensar que é o maioral, que já chegou num ponto em que não precisa aprender mais nada. “O treinamento nunca acaba”, explicou. “Tudo no universo está crescendo ou morrendo, não existe meio termo. Quem não está crescendo na carreira está morrendo.”
Ou seja, é necessário estudar sempre, ler bons livros, fazer cursos, imersões, porque a oportunidade só vem para as mentes preparadas. “Quando a oportunidade vier, é preciso agarrá-la. Porque ela pode não voltar mais.”
Rossi contou ainda como foi sua aproximação com Tony Robbins, de cuja equipe faz parte hoje, de quem recebeu todo o material de treinamento. “Só para encurtar essa história, hoje trabalho com ele nos eventos ao redor do mundo inteiro.” E aconselhou a cada um na plateia: “Saiba que são as suas decisões, independentemente das suas condições, que determinam o seu destino”.
Foi também por insistência de Tony Robbins que Marcos Rossi resolveu encarar a internet e as plataformas digitais. Em 2018, o maior medo dele era entrar no mundo online onde está hoje. Eu queria ajudar quem não tem condição de pegar um avião e assistir no exterior às palestras que transformam a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. “Mais uma vez, eu tinha de dançar com o meu medo.”
Foi assim que Rossi criou o Programa Sem Limites, constituído de 12 aulas gravadas nas quais ele ensinava o que tinha aprendido com seu mentor. Eram lições sobre autoconhecimento, sobre as necessidades humanas e planejamento de metas, entre outras ferramentas.
No começo eram só quatro alunos. Mas ele não desistiu. “Não se trata de dinheiro, mas de missão. Eu não acredito em coincidência. Eu não teria essa bagagem, o conhecimento que eu tenho, se não fosse para passar adiante.” Hoje o programa tem alunos em todas as partes do mundo, da Suíça ao Japão, de Moçambique aos Estados Unidos.
“Aquilo que estamos decidindo hoje vai determinar o futuro que teremos.”
Foram decisões tomadas há cinco ou até dez anos que trouxeram cada indivíduo ao lugar onde está hoje. Isso vale tanto para o dinheiro que ele ganha quanto para seu próprio corpo e seus relacionamentos pessoais. “Então”, conclui Rossi, “, aquilo que estamos decidindo hoje vai determinar o futuro que teremos.”
Rossi diz que, se conquistou tudo que tem, é porque sempre acreditou que a limitação é um conceito que está dentro da cabeça das pessoas. Fazer ou não fazer alguma coisa depende única e exclusivamente de cada um.
“A mensagem que eu quero deixar para quem dedicou esse tempo para me ouvir é: aproveite a vida ao máximo e tente passar o maior tempo possível com quem você ama”, disse Marcos Rossi ao concluir sua palestra. “Pode ser a última vez que vocês estejam juntos. Temos de aproveitar cada dia, cada minuto, da nossa vida. Situações todo mundo enfrenta, e mais cedo ou mais tarde vai resolvê-las. A gente não tem de ficar esperando a ausência de problemas para ser feliz.”