Educação Física perde um dos seus grandes ícones

José Maria de Camargo Barros 1943 – 2022 © Divulgação

José Maria Barros contribuiu decisivamente para a regulamentação da profissão e atuou com grande protagonismo na diretoria do CREF4/SP

Por Paulo Pinto / Global Sports
3 de abril de 2022 / Curitiba (PR)

Sebastião Gobbi, professor livre-docente aposentado da Unesp Rio Claro, ex-conselheiro do CREF4/SP e do CONFEF, presta homenagem ao colega recém-falecido que deixa legado gigantesco para os Profissionais de Educação Física de todo o País. A seguir, a reprodução do seu texto.

A passagem do amigo, colega de profissão, chefe de departamento onde trabalhei, batalhador pela criação do bacharelado e da regulamentação da profissão, conselheiro do CONFEF e do CREF4/SP, muito nos enluta. Ele está em Deus, ficam as muitas boas recordações e a saudade.

Como uma singela homenagem ao doutor José Maria de Camargo Barros, transcrevemos alguns excertos do livro Fragmentos Históricos da Regulamentação da Profissão de Educação Física e da Criação e Desenvolvimento do CREF4/SP, que publicamos juntamente com os colegas Américo Valdanha Netto e Célia Sueli Gennari, com a colaboração do colega Alexandre Janotta Drigo.

Professores João Batista Tojal, Alexandre Janotta Drigo e José Maria de Camargo Barros © Divulgação

“Como justa homenagem a todos e todas que se dedicaram a construir a regulamentação da Profissão de Educação Física e a criação e desenvolvimento do CREF4/SP, nominamos o professor doutor José Maria de Camargo Barros (000029-G/SP), um entusiasta batalhador, líder acadêmico pela regulamentação da profissão e criação do CREF4/SP, transcrevendo a seguir seu artigo publicado na primeira edição da Revista CREFSP, no ano de 2000.”

Na apresentação do mesmo livro, o atual presidente do CREF4/SP, Nelson Leme da Silva Junior, escreveu: “Nesse momento, remeto-me à luta que antecedeu essa conquista, e que se iniciou com a ‘batalha’ pela regulamentação de nossa profissão, marcada pela apresentação do Projeto de Lei № 4.559/84, mas que somente foi efetivada pela Lei 9.696/98, passados 14 anos do movimento inicial no Congresso Nacional. Logo após essa vitória histórica, a próxima contenda foi a de atender aos requisitos estabelecidos pelas normas do CONFEF para a abertura de nosso Conselho, que à época exigia o registro de 2 mil profissionais. Com muito orgulho me lembro da participação de minha cidade natal – Rio Claro – neste contexto, por meio do trabalho iniciado pelo professor José Maria de Camargo Barros, do Departamento de Educação Física da UNESP. Vários professores e egressos dos cursos se mobilizaram para inscreverem-se e buscarem novas inscrições em nossa cidade, tarefa na qual me incluí, tendo número de registro 000200-G/SP”.

Professores Alexandre Drigo, Sebastião Gobbi, Américo Valdanha, José Maria de Camargo e Nelson Leme © Divulgação

Mais adiante o livro menciona a participação do doutor José Maria na mobilização para os primeiros registrados “professor doutor José Maria de Camargo Barros realiza a representação/mobilização na região de Rio Claro. Tal atividade incluiu a proposta de um Encontro Regional sobre a Regulamentação dos Profissionais de Educação Física), que seria realizado em 26/06/1999. O folder sobre o evento esclarecia, também, como poderia ser feito o registro profissional no CONFEF, sendo que a documentação deveria ser entregue na secretaria do departamento de Educação Física UNESP Rio Claro”.

Outro exemplo mencionado no livro sobre a participação do doutor José Maria na luta pela criação do Bacharelado em Educação Física: “No ano de 1989, é criado o curso de bacharelado em Educação Física, na UNESP – Campus Rio Claro, sobre o qual ele depõe o seguinte: Estruturamos na UNESP Rio Claro os dois cursos bem diferenciados conforme deveria ser. Inicialmente poucos procuravam o curso de Bacharelado em Educação Física, mas continuamos …”.

Sobre a caracterização da Profissão, escreveu o artigo (presumo ser o primeiro sobre o tema) Educação Física e Esporte: Profissões. Este artigo, enviado para publicação em 1990 e publicado em 1993, teve boa repercussão.

José Maria de Camargo Barros com autoridades no evento de lançamento do Selo Literário do CREF4/SP realizado no auditório da ALESP © Divulgação

Na avaliação do professor doutor José Maria, o registro profissional deve ser buscado por todos aqueles que, por vocação e interesse, se graduaram em Educação Física se preparando arduamente para, de forma competente, atender às necessidades da sociedade em relação às atividades corporais e esportivas.

“Hoje, com a profissão reconhecida e valorizada, a luta deve continuar”, disse ele. “A sociedade precisa de nossos serviços, que devem ser de qualidade e com muito zelo. Esta nova luta inclui o cuidado de cada um com sua qualificação, com a administração democrática, com o aprimoramento e organização da nossa querida profissão. Vamos em frente, temos muito a realizar!”

Sebastião Gobbi concluiu sua homenagem dizendo: “Minha eterna gratidão pelos expressivos e relevantes serviços prestados à Educação Física e meu agradecimento pelo legado deixado a todos nós.”